terça-feira, 13 de dezembro de 2016

“Aprovação da PEC é um crime cruel contra a nossa e as novas gerações”, dizem juristas



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http://www.diariodocentrodomundo.com.br/aprovacao-da-pec-e-um-crime-cruel-contra-a-nossa-e-as-novas-geracoes-dizem-juristas/




Símbolo
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Publicado no Justificando.

A Proposta de Emenda Constitucional que congelará os gastos primários do governo pelas próximas duas décadas foi aprovada pelo Senado Federal e passa a vigorar no país após a sua promulgação. O modelo é único, sem igual em nenhum país do mundo e desperta inúmeras críticas de economistas, juristas e defensores de direitos humanos.
Na prática, a Emenda Constitucional não discute sua receita, deixando intocável a injustiça tributária do país; ao contrário, congela gastos em setores sociais já tão fragilizados, como saúde, educação, moradia, sistema carcerário, entre tantos outros.
Para o Juiz de Direito Rubens Casara, trata-se de uma vitória neoliberal que, contraditoriamente, saiu derrotada nas urnas – “a aprovação da PEC representa tanto um atentado ao sistema de direitos e garantias quanto a consagração das teses neoliberais, derrotadas nas urnas, que tratam as pessoas como objetos descartáveis”.

Já o Professor Doutor pela Universidade de Harvard, Adilson Moreira, a Emenda do Teto de Gastos representa uma terrível consequência para os negros e mais pobres que amargarão o corte em direitos sociais por décadas – “grande parte da população brasileira voltará a viver nas mesmas condições que os escravos viviam. Isso afetará inúmeras gerações, pois as consequências da destruição de direitos sociais se estenderão ao longo das próximas décadas”.
O advogado e Membro da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares, Patrick Mariano, complementa que em razão do retrocesso, a Emenda aprovada é inconstitucional, apesar do ministro Barroso ter rejeitado todos os pedidos que chegaram até ele nesse sentido.
“A vinculação do legislador aos direitos fundamentais veda e torna ilegítima qualquer restrição ao núcleo dos direitos sociais. O princípio do não retrocesso estabelece que uma vez atingido certo patamar na efetivação do direito a saúde e educação, por exemplo, o Estado não pode comprometê-los, ou reduzi-los. O STF, veja bem, até mesmo o STF já reconheceu esse princípio, embora seus ministros, como o Barroso tenham ignorado este fato. O que o Congresso fez hoje é um crime perverso, cruel, imoral e ilegal contra a nossa e as novas gerações” – afirmou.
Já a economista Laura Carvalho, que concedeu uma entrevista exclusiva ao Justificando explicando todos os efeitos da PEC, afirmou em suas redes sociais que a PEC aprovada só poderá ser superada em menos de 20 anos, caso o Congresso reverta a matéria, o que só poderá acontecer com votos de 3/5 da casa – “o Senado vai aprovar uma PEC que só poderá ser revertida com 3/5 dos senadores. Ou seja, o(a) futuro(a) presidente vai depender de uma supermaioria no Congresso pra conseguir ter de volta o direito de governar”.
Na prática, Laura explica que isso significa um casamento do país com o partido que historicamente é o fiel da balança em votações desse porte – “sabemos bem o que isso significa na prática: que no auge do divórcio entre a sociedade e o sistema político, o Brasil está se casando com o PMDB”, concluiu.

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Sobre o Autor

O tema principal da aguardada reunião entre Temer e Trump: o tamanho das mãos deles. Por Kiko Nogueira



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O aceno característico
Ele

O Palácio do Planalto divulgou uma nota sobre uma ligação de Temer para Trump na manhã de terça, dia 13.
“A conversa foi bastante amigável e positiva”, diz o comunicado, uma excrescência sabuja.
Segue: “O presidente eleito Trump apresentou condolências pelo acidente com o avião da Chapecoense e cumprimentou Temer pelas reformas e medidas para promover o crescimento do Brasil”.
No final: “Temer e Trump concordaram em lançar, imediatamente após a posse do novo presidente americano, uma agenda Brasil-EUA para o crescimento. Combinaram que as equipes se reunirão a partir de fevereiro para elaborar essa agenda”.
Ninguém deverá se surpreender se for outra lorota, como aquela sobre a reunião de cúpula dos BRICS que Michel simplesmente inventou que teve com Putin.
Não faz diferença. Temer, para Trump, é mais um mexicano vagabundo.
Um encontro entre os dois só serviria para trocar ideias a respeito de um traço fisionômico em comum: o tamanho das mãos.
Não é de hoje que fotos das mãozinhas de Michel circulam pela internet acompanhadas de comentários jocosos. Há dezenas de montagens, também.
Em março, as mãos de Donald viraram notícia depois que seu então rival na convenção republicana Marco Rubio questionou sua virilidade: “Vocês sabem o que eles falam sobre homens com mãos pequenas”, falou Rubio para um auditório lotado, que caiu na risada.
Até o vetusto Washington Post cobriu a polêmica e pediu a um especialista que verificasse se a história de que o empresário tinha mesmo mãos diminutas era verdadeira ou falsa. Conclusão: verdadeira.
Segundo o jornal, a mão dele é menor que a de 85% dos homens de seu país. Num discurso, DT foi obrigado a defender sua masculinidade: “Eu garanto a vocês, não há problema”.
O assunto não é novo. Nos anos 90, Donald foi chamado de “short fingered vulgarian” (“vulgar de dedos curtos”, numa tradução na raça) pela sensacional revista Spy.
O autor do apelido, o jornalista Graydon Carter, contou que ainda recebe emails de Trump em que ele tenta provar, inutilmente, que o epíteto é injusto.
Michel Temer tem uma miríade de problemas, e suas mãos não estão entre eles. Elas apenas ajudam a compor um personagem que ganha contornos mais e mais sinistros à medida em que nos aproximamos do Juízo Final.
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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.





“NÓS, BATEDORES DE PANELAS, NÃO DAMOS A MÍNIMA PARA O BRASIL”


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http://www.diariodocentrodomundo.com.br/nos-batedores-de-panelas-nao-damos-a-minima-para-o-brasil-por-nathali-macedo/


O sumiço das panelas




Cadê?
Cadê?


Procuro escrever um texto irônico e bem-humorado sobre a aprovação da PEC 55, mas tem coisas das quais a gente não consegue rir nem de nervosismo.
Queria dizer “bem feito, pobre de direita” para o meu primo Bolsominion – que pensa que é rico só porque tem piscina – mas eu estaria dizendo “bem feito” também para a minha sobrinha de quatro anos, que só viverá – talvez, quem sabe – um país melhor aos vinte e quatro, e aos meus pais, que talvez morram sem terem conseguido se aposentar. Estaria dizendo “bem feito” para mim mesma e para todos os meus irmãos de pátria, absolutamente todos, coxas, petralhas, anarcos e isentões.
A verdade é que o silêncio das panelas é ensurdecedor. É um recado cruel, de tão claro:
“Nós, batedores de panelas, não damos a mínima para o Brasil. Nós, assim como aqueles que nos representam, somos maus perdedores e, portanto, não nos importa o que aconteça daqui pra frente, desde que sigamos com esse sentimento de vitória, desde que deixem a salvo nossa ilusão de que nós tiramos a presidenta desgraçada do lugar onde a democracia a colocou. Nós preferimos nosso covarde silêncio ou essa insistência patética na ideia de que a PEC 55 salvará o Brasil do estrago feito pelo partido que inventou a corrupção – fora petê!!! – (sim, ainda há em insista, Silas Malafaia que o diga) – à confissão impensável de que fomos massa de manobra para um golpe.
Assim como não suportamos perder, nós não suportamos a ideia de que fomos enganados – e para fugir dessa ideia, somos capazes até mesmo de proteger àqueles que nos enganaram.”
A segunda verdade é que não há nada que combine mais com a direita antipetista do que esse silêncio covarde. Foi por covardia que eles foram às ruas. Foi pelo medo que têm e sempre tiveram do dia em que o povo se levantasse pelos seus direitos, do dia em que a favela descesse pra cobrar os atrasados (chamam isso de ataque comunista), pelo medo – com o qual talvez nunca consigam lidar – de perderem seus privilégios.
Nós, petralhas, comunas, maconheiros, abortistas, boicotadores da pátria, desordeiros, vândalos – como bons defensores da democracia, não queremos colocar palavras na boca da direita, como fui obrigada a fazer neste texto.
Nós, queridos coxas, queremos ouvi-los.
Qual a sensação de ver o país se afundando no lodo do ilegítimo que vocês (pensam que) puseram na presidência? Por que suas panelas importadas estão em silêncio diante destes vinte anos de “gastos” congelados e nem uma palavra sobre a taxação das grandes fortunas? O que, afinal, vocês têm a dizer sobre a lista da Odebretch?
Nós queremos desesperadamente – talvez num ato de fraqueza – acreditar que vocês fizeram o que fizeram por ignorância. Com todo esse silêncio, fica parecendo que foi por puro ódio de classe.
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Nathali Macedo
Sobre o Autor
Colunista, autora do livro "As Mulheres que Possuo", feminista, poetisa, aspirante a advogada e editora do portal Ingênua. Canta blues nas horas vagas.


Reportagem confirma apoio secreto da Lava Jato aos Estados Unidos



FONTE:
http://jornalggn.com.br/noticia/reportagem-confirma-apoio-secreto-da-lava-jato-aos-estados-unidos






Jornal GGN - A assessoria do ex-presidente Lula identificou numa reportagem do Estadão a confissão de que a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba atua de maneira irregular em apoio aos Estados Unidos.
Segundo reportagem publicada no blog do Fausto Macedo no dia 6 de dezembro, pelo menos oito delatores da Lava Jato não negaram que foram procurados e já estão em tratativas para colaborar com investigações nos Estados Unidos, na esteira do que foi apurado, no Brasil, em relação à Petrobras.
O objeto dos Estados Unidos, de acordo com o jornal, é identificar empresas ou pessoas físicas que tenham participado dos pagamentos de propina do esquema na Petrobras em seu território.
O elo suspeito entre a Lava Jato e autoridades dos EUA foi levantado pela defesa de Lula durante audiências do caso triplex, com Sergio Moro. O juiz vem atendendo aos apelos do Ministério Público Federal para que os delatores não sejam obrigados a revelar detalhes dessas tratativas com agentes estrangeiros.
LEIA MAIS: 
Para os advogdos de Lula, a força-tarefa comete irregularidades ao cooperar com os EUA sem transparência. Ou seja, sem atender aos tratados de cooperação que obrigam o Estado brasileiro, via Ministério da Justiça e Procuradoria Geral da República, a participar das trocas de informações.
No dia 9 de dezembro, o GGN revelou que a secretaria responsável por cuidar de acordos de cooperação admitiu que não participa das negociações com os EUA e disse que essa é uma questão que deve ser cobrada exclusivamente da "força-tarefa de Curitiba". Ou seja: os procuradores atuam à revelia até mesmo do comando do MPF.
Ao GGN, o advogado Cristiano Zanin levantou a suspeita de que a Lava Jato também tem aceitado ajuda de autoridades estrangeiras, em solo brasileiro, para concluir procedimentos contra o ex-presidente Lula. Ele questionou, por exemplo, que tipo de tecnologia foi usada para gravar as conversas de Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff. 
A reportagem do Estadão apontou que além dos EUA, a Lava Jato auxilia investigações na Itália, Suíça e Peru.
No caso dos EUA, as conversas foram feitas diretamente com cada delator, sem passar pelo Estado brasileiro, com base em um "acordo bilateral entre Brasil e Estados Unidos, de cooperação, que permite que o Departamento de Justiça norte-americano busque individualmente os investigados, que podem evitar serem alvo de processo naquele país."
"Em troca da colaboração com investigadores do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, os delatores garantem o benefício de não serem processados pelos crimes cometidos no país. A Lei Anticorrupção dos Estados Unidos estipula que a Justiça norte-americana pode responsabilizar e punir executivos de empresas estrangeiras envolvidas em fraudes, praticadas em seu território."
O Estado ainda informou que os delatores não foram questionados sobre Lula.
Abaixo, a lista de delatores:
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento
Nestor Cerveró, ex-diretor de Internacional
Eduardo Musa, ex-gerente de Internacional e ex-Sete Brasil
Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia
Augusto Mendonça, dono do Grupo Setal
Eduardo Leite, ex-executivo da Camargo Corrêa
Alberto Youssef, doleiro
Julio Camargo, lobista

Crise política se intensifica e partidos ameaçam sair da base de Temer



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http://jornalggn.com.br/noticia/crise-politica-se-intensifica-e-partidos-ameacam-sair-da-base-de-temer






Jornal GGN - O desgaste das denúncias das delações Odebrecht junto à equipe de governo e ao próprio presidente Michel Temer provocaram um agravamento da crise da gestão peemedebista. As informações são de que partidos da Câmara ameaçam abandonar a base aliada e se posicionar contra propostas de interesse do Planalto.
 
Desde a primeira grave crise ministerial de Temer, com a saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo, a instabilidade do governo só foi segurada, dentro do Congresso, pelos líderes e presidentes das Casas Legislativas.
 
Mas diante da impopularidade das medidas aprovadas, como o projeto de 10 Medidas na Câmara e a PEC 55, do Teto dos Gastos Públicos, no Senado, partidos que se aliaram ao governo para alcançarem status ou cargos de primeiro a terceiro escalão ameaçam abandonar o barco.
 
O ápice ocorreu neste final de semana, quando as delações da Odebrecht se intensificaram na mira de Temer e de seus aliados e uma pesquisa Datafolha mostrou que 51% dos entrevistados acham o governo ruim ou péssimo.
 
Divulgada no domingo (11), o levantamento mostrou que a popularidade de Temer despencou em cinco meses de gestão. Se antes os que consideravam o governo ruim ou péssimo eram 31%, agora o resultado é de um aumento de 20 ponto percentuais. 
 
Além disso, a pesquisa também questionou o cenário de um primeiro turno de eleições em 2018, revelando que 45% da população não votaria em Michel Temer, colocando-o no topo do ranking de rejeição para o pleito presidencial.

 
Com o cenário de crise política enfrentada por Temer, a escolha do presidente para quem iria substituir Geddel na Secretaria de Governo não ficou tão fácil. Se, de um lado, o partido de maior impacto para o apoio da manutenção do governo era o PSDB, encarregando Imbahassy no posto, agora partidos médios reivindicam a pasta.
 
Siglas do "centrão", incluindo PP, PSD e PTB analisam inclusive o boicote a medidas do governo futuras, como a reforma da Previdência e outras consideradas impopulares. Além disso, o PSB também estuda sair da base de apoio, por não concordar com a gestão de Temer. 
 

A República estilhaçada e a falência do STF, por Aldo Fornazieri



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http://jornalggn.com.br/noticia/a-republica-estilhacada-e-a-falencia-do-stf-por-aldo-fornazieri





A República estilhaçada e a falência do STF
por Aldo Fornazieri
Uma república se sustenta sobre a funcionalidade do tripé dos três poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - conforme o estabelecido na Constituição. Nas últimas semanas, a república brasileira veio abaixo com o desmoronamento do último poder que ainda mal subsistia: o Judiciário. Fruto de um golpe, o Executivo, sem legitimidade não podia ser considerado um poder republicano desde a posse de Temer. Além da ilegitimidade originária, esse governo era e é inaceitável pelo seu caráter criminal. Se alguém ainda duvidava de que se tratava de uma quadrilha, as delações dos executivos da Odebrecht acabam de desvelar qualquer dúvida. A principal missão desse governo é a de investir com violência contra os direitos sociais e contra o espírito e a letra da Constituição de 1988.
O Congresso, na sua dupla composição - Câmara e Senado - foi o principal fautor do golpe. Por serem casas comandadas por pessoas acusadas de cometer vários crimes, sendo que um de seus dirigentes, Eduardo Cunha, está preso e com denúncias graves pesando sobre os ombros de vários membros, o Congresso não tem respeito e legitimidade junto à sociedade. As delações recentes mostram que a soberania da representação popular foi vendida, privatizada, vilipendiada, conspurcada, ao sabor dos interesses privados de empreiteiras e de outros grupos que compram leis, favores e benefícios. Não há como considerar que esse Congresso seja uma instituição republicana, pois ele é a face perversa da destruição da res publica.
Por fim, ruiu o Judiciário na sua figura maior, o Supremo Tribunal Federal. Esta casa não tem uma história honrosa da qual possa se orgulhar. Deu cobertura ao golpe militar de 1964, validou medidas inconstitucionais do governo Collor e se acovardou perante a falta de amparo constitucional ao impeachment da presidente Dilma. Ademais, o poder judiciário, pela sua incompetência, pela sua morosidade e por aplicar uma Justiça enviesada contra os pobres, contra os negros e contras as mulheres é portador de um enorme déficit de republicanismo.
A desmoralização do STF
No caso Renan Calheiros, o STF foi desmoralizado e se desmoralizou. Demonstrou que não é um tribunal capaz de exercer o controle constitucional e que está a serviço dos interesses de um governo falido, que não governa o país. Lula tinha toda a  razão quando afirmou que estamos diante de um "Supremo acovardado". Aceitou todo tipo de pressão política e terminou promovendo a mais esdrúxula das decisões já promovidas pelo STF. Ora, se o Tribunal pôde tirar Cunha da presidência da Câmara podia tirar também Renan da presidência do Senado. E se Renan pode ser presidente do Senado não há nenhuma justificativa razoável e lógica para que não possa ficar na linha de sucessão da presidência da República. Presidência da República e presidência do Senado (e do Congresso) são poderes equivalentes e equipotentes nos termos da doutrina republicana, embora com funções diferentes. Se Renan não pode ficar na linha de sucessão da presidência da República não pode ser também presidente do Senado.
Confrontado pela rebelião de Renan, o STF se recolheu desmoralizado. O STF não está agindo como colegiado. São nove homens, duas mulheres e nenhum destino, nenhuma dignidade, nenhum espírito de Corte Constitucional, nenhuma sobriedade, nenhuma cautela, nenhuma prudência. Os juízes, Gilmar Mendes à frente, são juízes apenas pelo poder formal que lhes é conferido, mas não são juízes nas suas condutas e nos seus conteúdos. Na prática, como juízes, são porta-vozes de interesses políticos, e como militantes políticos, julgam extrapolando o amparo da Constituição.
Os juízes de um tribunal, que é o guardião da Constituição democrática e republicana de um país, precisam ter condutas e decisões cuidadosas e cautelosas. Os juízes e o colegiado devem, por terem o poder de decisões finais e irrecorríveis, conduzir-se pelo recato, pelas auto-restrições, pelo autocontrole, pelo comedimento, tanto nas suas relações pessoais quanto no exercício de suas funções. Mas não é isto o que se vê. Dominados pela vaidade e pela frivolidade perigosa de suas incontinências verbais, são agentes da desmoralização do próprio STF. Os juízes devem saber que não são deuses e que não estão acima do debate e do escrutínio da opinião pública. Deveriam saber que não podem negociar decisões judiciais com Temer, com senadores ou com quem quer que seja.
Qual a saída?
A pesquisa do Datafolha, publicada no final de semana, é devastadora para o governo Temer. Os seus dias devem ser abreviados pela renúncia. Se não renunciar deve ser derrubado pelas mobilizações de rua. A única saída que esta crise comporta são as eleições gerais antecipadas. Nenhum governo que emergir desse processo que tem o golpe como elemento gerador terá legitimidade e capacidade para tirar o país da crise. Nenhum governo que não nascer da soberania do voto popular tem a legitimidade para pedir sacrifícios a quem quer que seja.  Não se pode reduzir direitos, definir tetos, agredir o pacto social da Constituição de 1988. Os democratas e progressistas tem o dever e a responsabilidade de levar bandeira das eleições gerais para as ruas imediatamente. É incompreensível que o PT e as esquerdas não tenham desfraldado esta bandeira desde o afastamento de Dilma.
O PT e as esquerdas precisam dizer claramente qual a saída que defendem em face da derrocada das instituições republicanas. Partes das bancadas do PT não podem continuar se comportando como a quinta coluna do governo golpista, como se comportaram na eleição de Rodrigo Maia, no episódio de Renan Calheiros e na falta de combate à PEC do teto. 
O fato é que setores do PT e parte da intelectualidade progressista estão com uma estratégia equivocada. Após a consolidação do golpe "branquearam" a luta contra o governo e transformaram o judiciário e a Lava Jato em inimigos principais, num jogo conveniente não só para o governo Temer, mas até mesmo para o PSDB. O poder judiciário e a Lava Jato precisa ser criticados e contidos nos seus excessos, mas não são um poder disputável. Somente o poder político é um poder disputável pelas forças políticas e sociais.
O colapso do Executivo, do Legislativo e do Judiciário produziu uma agenda democrática e progressista unificadora: eleições gerais já; não à PEC do Teto e não à reforma da previdência. Não que o ajuste fiscal e a reforma previdenciária não sejam necessários. Mas não estes que estão aí, que jogam o peso da crise nos ombros dos mais pobres. As reformas que estão aí são impositivas e antidemocráticas. Não há o que negociar. As estruturas de mediação democráticas e republicanas foram rompidas. Elas só podem ser reconstituídas pelo processo social, pela mobilização popular nas ruas e pelas urnas.
Aldo Fornazieri - Professor da Escola de Sociologia e Política.