terça-feira, 11 de outubro de 2016

De olho numa vaga no STF, Ives Gandra sabota a própria Justiça do Trabalho que preside. Por Raymundo Gomes



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Ives Gandra da Silva Martins Filho
Ives Gandra da Silva Martins Filho


De olho numa vaga no STF, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho, resolveu agradar os poderosos, jogar para a arquibancada e boicotar o próprio tribunal que preside. Ives pediu ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a retirada de pauta dos projetos que ali tramitam prevendo a criação de 100 novas Varas do Trabalho, 200 novas vagas de juízes trabalhistas e 8 mil de servidores da Justiça (esta semana, a Anamatra, associação dos magistrados da Justiça do Trabalho, conseguiu uma liminar em mandado de segurança para manter os projetos em tramitação, mas a ameaça persiste).
Conforme as contas de Ives Gandra, o impacto anual nas contas públicas, caso aprovados todos os projetos, será de R$ 1 bilhão. Segundo Maia, o presidente do TST o procurou “pela compreensão que ele tem de que não é momento de se criar despesa”.
A atitude de Ives, como era de esperar, rendeu aplausos no noticiário da mídia tradicional, eternamente alinhada ao discurso econômico neoliberal da austeridade pela austeridade. Mas no meio do confete, mal se dissimula o real intuito dessa iniciativa: esvaziar a Justiça do Trabalho até a inanição final.
O mesmo presidente do TST tão preocupado com o ajuste fiscal estimou, em entrevista ao Estadão de 10 de maio passado, que em razão da crise econômica devem chegar este ano à Justiça nada menos que 3 milhões de ações trabalhistas, um crescimento de quase 13% em relação a 2015 – ano que, por sua vez, já registrara um crescimento de 5% diante de 2014.
“O tsunami vai chegar até nós”, alertava Ives na época, referindo-se à sobrecarga da Justiça do Trabalho.
Agora, contraditoriamente, o mesmo Ives impede que a Justiça do Trabalho amplie sua estrutura para conter a onda gigante.
A iniciativa é incompreensível e conspira contra a própria instituição que Ives comanda. Não havia necessidade de pedir a retirada dos projetos. Caso não os visse como prioritários – o que já seria questionável, dada a posição que ocupa e a crescente demanda social pelos serviços da Justiça – bastaria permitir que sua tramitação no Congresso seguisse o curso normal, ou, quando muito, negociar um corte no limite do essencial.
A vitória da direita na recente crise institucional abriu a temporada de caça a tudo que significa trabalhismo no país. A criminalização da esquerda – notadamente, não por acaso, justamente de um partido que é “dos trabalhadores” – e o combate sem quartel a suas políticas refletem-se de modo mais agudo no revanchismo das propostas encampadas pelo governo golpista, que visam claramente desmantelar as relações de trabalho e os direitos do trabalhador.
Destacam-se o projeto que permite a terceirização indiscriminada de mão-de-obra, inclusive para as atividades principais das empresas, rebaixando salários, precarizando direitos, potencializando acidentes de trabalho; e o que faz prevalecer a negociação coletiva sobre a legislação, mesmo quando prejudicial ao trabalhador, uma grave ameaça aos trabalhadores vinculados a sindicatos mais fracos.
Trata-se de duas propostas que prejudicam quase 50 milhões de trabalhadores com carteira assinada e atingem o coração da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que, com todos os defeitos, representa há sete décadas o freio histórico e mais eficaz à exploração absoluta da classe trabalhadora.
Nesse contexto, a Justiça do Trabalho entrou na linha de tiro. Aos 75 anos de existência, vista como “protecionista” pelas elites, tanto a oligárquica quanto a neoliberal, e criticada mesmo à esquerda, ela ainda é, apesar dos inúmeros defeitos, uma instituição fundamental para a estabilidade das relações de trabalho no país, e última trincheira do trabalhador contra o abuso do poder econômico.
A maior velocidade e eficácia de seus processos individuais e coletivos – fruto da dedicação de juízes e servidores, da especialização e da ênfase na conciliação, e da proibição de recursos na fase anterior às sentenças – propiciou a redistribuição, aos trabalhadores, de nada menos que R$ 33 bilhões em direitos descumpridos pelos empregadores nos últimos dois anos – 2014 e 2015. É dinheiro que contribuiu diretamente para a redução da desigualdade no país.
E mais. A arrecadação de custas e recolhimentos ao INSS ultrapassou R$ 5 bilhões de reais no mesmo período – mais que o dobro da economia que Ives declara pretender com a retirada dos projetos de expansão da Justiça do Trabalho.
Não bastasse isso, dados do Ministério do Trabalho mostram que, nos últimos 20 anos, a Justiça do Trabalho ajudou a resgatar mais de 50 mil trabalhadores de condições análogas à de escravos.
Talvez seja exatamente por essa relativa eficácia que a Justiça do Trabalho sofra os mais duros ataques dentre todos os ramos do Judiciário brasileiro. Na esteira da caça ao trabalhismo, está em curso uma nítida orquestração para esvaziá-la, iniciada pela draconiana asfixia orçamentária imposta por um único deputado, o inacreditável Ricardo Barros, que hoje, no Ministério da Saúde, dedica-se com afinco a destruir a saúde pública.
No cargo de relator do Orçamento de 2016, Barros promoveu um drástico corte na dotação da Justiça do Trabalho, da ordem de 50%. À época do relatório, justificou o corte sob o ridículo argumento de que a Justiça do Trabalho “não tem se mostrado cooperativa” (ou seja, não estaria julgando conforme os interesses que ele defende), acrescentando: “Nós vamos apresentar um corte mais significativo para que eles reflitam um pouco”.
A irresponsabilidade – para não falar em chantagem – de Ricardo Barros causou a penúria de diversos Tribunais Regionais, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal, até com ameaça de fechamento de suas atividades no fim do ano, postergando o acesso dos trabalhadores à Justiça, adiando milhares de audiências, a tramitação de milhões de processos, o pagamento de verbas alimentares a trabalhadores lesados (rescisões contratuais, diferenças salariais, horas extras) e causando grave insegurança jurídica para os próprios empresários que o tosco deputado-ministro imaginou defender.
Nesse contexto, a iniciativa de Ives – homem notoriamente ligado ao grupo ultraconservador católico Opus Dei – é gravíssima. Soa como dormir com o inimigo. Guardadas as devidas proporções, é como o presidente da República pedir a algum organismo internacional que promova um embargo econômico ao próprio país. Portanto, só pode ser entendida como uma insólita afronta à própria instituição que preside e a todos os trabalhadores do país.
* Raymundo Gomes é jornalista
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Por que a PEC 241 é “devastadora e brutal”, segundo bispo responsável pela Pastoral da Saúde da CNBB



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A Câmara em festa
A Câmara em festa


O bispo de Campos (RJ), responsável pela Pastoral da Saúde, dom Roberto Francisco Ferrería Paz, escreveu um artigo sobre a Proposta de Emenda à Constituição 241. Foi publicado no site da CNBB.

A proposta de Emenda Constitucional 241/2016 focaliza a transferência de recursos públicos das áreas sociais para o pagamento de juros e para a redução da dívida pública. Estabelece um “Novo Regime Fiscal”, encaminhado para a Câmara de Deputados no dia 15 de junho de 2016. Esta medida de contenção asfixiante, parte de uma premissa falsa segundo o Economista Francisco Funcia, da PUC- SP, que seria a grave situação econômica do país; em nota à imprensa, foi divulgado pelo Ministério da Fazenda, em 24 de junho de 2016: “A situação do Brasil é de solidez  e segurança porque os fundamentos são robustos. O país tem expressivo volume de reservas internacionais e o ingresso tem sido suficiente para financiar as transações correntes. As condições de financiamento da dívida pública brasileira permanecem sólidas neste momento de volatilidade nos mercados financeiros em função de eventos externos. A dívida publica federal Nacional conta com amplo colchão de liquidez”.  Como se verifica na declaração não há no país uma situação caótica que exija um ajuste tão violento e brutal, a ponto de “congelar” as despesas federais no patamar dos valores de 2016, por um prazo de 20 anos.

1. Qual o objetivo e finalidade da PEC 241?
A agenda explícita desta proposta é como está na argumentação do governo interino: “estabilizar o crescimento da despesa primária, como instrumento para conter a expansão da dívida pública”. Esse é o objetivo desta proposta de Emenda à Constituição”. No entanto traduzindo para os efeitos reais da sua aplicação, significa cortes drásticos  na saúde, educação, habitação, transportes, etc … para priorizar o absoluto do déficit nominal e da dívida pública. Esta visão econômica, que volta aos anos 90 da hegemonia neoliberal e do Acordo de Washington, deixa claro que a dívida está muito acima da vida do povo e que a economia para ser sanada exige o sacrifício da população especialmente aqueles que não estão incluídos no mercado. Para confirmar esta assertiva o Ministro Henrique Meirelles se posiciona em entrevista do 01/07/2016: “As despesas com educação e saúde são itens que … junto com a previdência, inviabilizaram um controle maior das despesas nas últimas décadas. Educação e saúde inviabilizam ajustes”. Trata-se não só de limitar despesas mas de desconstruir a Arquitetura dos direitos sociais que consolidou o sistema de seguridade social da CF de 1988, quer se eliminar o Estado Social de Direito desmontando o SUS, levando-o a falência e colapso total.

2. Se passar esta PEC letal, quais serão as consequências para nossa população?
Se a PEC for aprovada, serão perdidos não somente os direitos sociais inscritos na Constituição Federal, mas a qualidade de vida da população brasileira sofrerá um forte rebaixamento, voltando a expectativas de longevidade bem inferiores às atuais. No caso particular da saúde poderão provocar a ampliação de doenças e, até mesmo, mortes diante da redução de recursos para o financiamento do SUS nos próximos 20 anos. É importante não esquecer que está PEC estabelece que os valores de 2016 serão a base para a projeção de despesas até 2037, ou seja, que não está previsto o crescimento populacional, a mudança de perfil demográfico com o envelhecimento da família brasileira em condições de saúde mais precárias, que demandará mais o sistema, e da incorporação tecnológica crescente neste setor. Para ilustrar o recorte de recursos basta afirmar que esta proposta tivesse sido aplicada no período de 2003-2015 teriam sido retirados do SUS R$ 314,3 bilhoēs (a preços de 2015), sendo somente no ano 2015, R$ 44,7 bilhões, cerca de 44% a menos do que foi efetivado pelo Ministério da Saúde no mesmo exercício.
É conveniente alertar também que a redução de recursos federais para o financiamento do SUS atingirão fortemente Estados e Municípios, pois cerca de 2/3 das despesas do Ministério da Saúde são transferidas fundo a fundo para ações de atenção básica, média e alta complexidade, assistência farmacêutica, vigilância idemiológica e sanitária, entre outras.

3. Existe outro caminho que os cortes na saúde, e o recuo nos direitos sociais?
A pesquisadora em saúde da ENSP/ FIOCRUZ e Diretora Executiva do CEBES, a Dra. Isabela Soares Santos, dá uma resposta positiva citando o Economista de Oxford Dr. David Stuckler que estudou a política econômica de austeridade em 27 países (1995-2011). Este renomado cientista gerou o chamado “multiplicador fiscal ” que mostra o quanto de dinheiro se consegue de volta com diferentes gastos públicos. Os melhores índices multiplicadores vem de gastos com educação e saúde, os piores com a defesa. Ele argumenta: “Saúde é oportunidade de gerar economia e crescer mais rapidamente. Se cortar em saúde, gera mais mortes, aumento e surtos de infecções por HIV, TB, DIP, aumento dos índices de alcoolismo e suicidio, aumento dos problemas de saúde mental, risco de retorno de doenças erradicadas. Saúde não deve ser cortada em situação de crise,  pois os governos deveriam investir mais em saúde em tempos de crise, para sair dela”. Os próprios diretores do FMI criticam as políticas recessivas de inspiração neoliberal (site da BBC.com,  30 de junho de 2016), em vista disso, o tripé econômico de meta inflação, altos juros e superávit primário trás como consequências: o aumento da desigualdade, colocam em risco a expansão duradoura e prejudicam seriamente a sustentabilidade do crescimento.
Dom Roberto

Dom Roberto
4. Não seria o caso de ampliar os arranjos públicos privados e favorecer o seguro privado (PHI) para sair de crise?
Na verdade, nestes arranjos públicos privados o sistema público perde (maiores e mais complexas filas), o arranjo contribui para a iniquidade no financiamento no acesso e no uso, o arranjo não diminui a demanda por serviços e financiamento, o arranjo não contribui para os objetivos gerais do SNS (equidade, universalidade e solidariedade), não há evidência que o PHI alivie o SNS. É interessante constatar que a União Europeia proíbe os países membros de regular o PHI quando houver SNS, com o argumento de defender o “sistema estatutário”, que foi escolhido pela nossa Nação na CF/1988. Lamentavelmente o que vemos é uma aposta crescente no setor privado o que contribui para a segmentação do sistema de saúde brasileiro como um todo, introduzindo a lógica mercantil, abandonando a luta histórica do movimento sanitarista brasileiro que conseguiu a implementação do SUS e sua inserção na Carta Magna, garantindo saúde integral e universal para toda a população.
5. Que fazer para impedir a PEC 241 e os seus desdobramentos perversos na seguridade social e na saúde?
Em primeiro lugar é necessário ter clareza que esta desconstituição do SUS se apoia na ideologia do Estado Mínimo e no retorno a uma Democracia restringida, tutelada, com os direitos sociais à míngua. O problema para estes economistas sem coração é o estado, o tamanho do SUS. Em compensação não há medidas para penalizar os mais ricos, achatar as desonerações fiscais, ou para reduzir os juros: o ajuste acaba se concentrando nas despesas que garantem os direitos sociais como meio de criar superávits primários crescentes, visando a diminuição da dívida pública, de acordo com o economista e doutor em saúde coletiva do IMS-UERJ, Carlos Otávio Ocké-Reis. Na prática, assistiremos ao desmonte do SUS e a privatização do sistema de saúde, onde todo esforço para melhorar as condições de saúde das famílias brasileiras ficará à deriva, prejudicando os recentes avanços obtidos no combate à desigualdade e acesso universal à saúde coletiva.
Em segundo lugar devemos manifestar nosso repudio e indignação, pensando como sempre nos mais pobres que serão as vítimas principais desta política antipopular contra a vida. Conclamar a uma mobilização geral em defesa da Constituição, do Estado Social de Direito, da Seguridade Social e do SUS. O SUS é nosso, o SUS é da gente, direito conquistado, não se compra nem se vende! Que Jesus o Rosto da misericórdia do Pai, nos ilumine e nos fortaleça na caminhada e defesa de saúde integral e universal para todos os brasileiros /as.
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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.








Temer e a maldição dos homens decorativos. Por Paulo Nogueira




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Na peça Chicago, há um personagem chamado Homem Celofane. Ninguém o enxerga. Ninguém o nota. Ele pode estar ao lado de uma cadeira velha. As pessoas vão ver a cadeira.
Na vida cotidiana, há muitos homens celofanes. Eles não têm charme, não têm carisma, não têm tiradas espirituosas que os retirem do anonimato em que repousam.
Temos, no Brasil de hoje, um homem celofane na presidência.
Michel Temer queixou-se, numa carta já histórica, de ser um “vice decorativo”. O lamento vinha ao mesmo tempo em que ele conspirava para derrubá-la.
Mas repare.
Dilma não tinha nada a ver com o problema. Homens celofanes são decorativos por natureza. Desfazem-se na paisagem.
Temer virou presidente e continua a ser decorativo. Foi promovido de vice decorativo a presidente decorativo.
É sua sina.
Na fotos do G20, para ficar num caso, ninguém o via, um perfeito celofane.
No Brasil, onde ele está?
Não bastasse sua condição de virtual invisibilidade, nosso presidente celofane está sempre fugindo das vaias.
Quem faz o cargo é o homem. Um vice enérgico, atuante, será notado e louvado.
Mas Temer é um homem celofane, e leva essa maldição com ele onde quer que esteja.
Era um vice decorativo, é um presidente decorativo e em breve será um ex decorativo, ignorado por todos no mar da história.
Temos, na verdade, pela primeira vez na história, uma espécie de não presidente ocupando a presidência da República.
O homem celofane chamado Michel Temer.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

ALGUÉM VIU EDUARDO CUNHA POR AÍ?




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Só se sabe uma coisa sobre seu paradeiro: ele não está na cadeia



Desaparecido
Desaparecido


Eduardo Cunha não está aqui, à minha vista. Não está ali. Está perto de você? Acredito que não.
Onde andará Eduardo Cunha?
Especulemos.
Pode estar num restaurante fino, acompanhado da mulher. Pode estar vendo um jogo do Flamengo.
Pode estar conversando com Temer. Pode estar na piscina de seu condomínio, numa boia gigante ao estilo Gatsby.
Não adianta procurar na mídia. Você não vai encontrá-lo lá. Em nenhum jornal, em nenhuma revista. Em nada.
Na imprensa ele foi onipresente enquanto útil para a deposição de Dilma. Todos os holofotes e todos os microfones estavam à sua disposição.
Foi o esplendor de sua glória midiática.
Feito o serviço — o golpe parlamentar — ele foi progressivamente sumindo. Agora está completamente desaparecido.
Onde foi parar Eduardo Cunha?
Apenas uma coisa é certa. Ele não está onde deveria estar: a cadeia.
Está livre.
Esta é, em si, uma tragédia nacional. E é uma prova de que só pode ser encarada como piada a frase de Moro de que não somos uma sociedade de castas.
Somos sim.
Cunha, ele mesmo, pertence à casta dos que podem cometer todo tipo de crime que nada lhes acontece.
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Paulo Nogueira
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Lava Jato pode fazer operação contra políticos (ou Lula) em breve, por Helena Chagas TER



FONTE:
http://jornalggn.com.br/noticia/lava-jato-pode-fazer-operacao-contra-politicos-ou-lula-em-breve-por-helena-chagas




Jornal GGN - O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki autorizou medidas cautelares e mandados desde a última semana, levantando suspeitas sobre uma nova fase da operação contra políticos. Segundo Helena Chagas, tudo foi feito com total discrição, porque o gabinete de Teori é um "banker antivazamentos". A colunista de Os Divergentes lembrou que a última vez que a Lava Jato sob tutela do Supremo deflagrou uma operação, Delcídio do Amaral acabou preso.
Na semana passada, Teori autorizou a divisão da Lava Jato em quatro inquéritos, sendo dois para o PMDB, um para o PP e outro para o PT. O ex-presidente Lula é investigado no Supremo por suspeita de ter chefiado o esquema de corrupção na Petrobras e ter tentado obstruir a Lava Jato comprando o silêncio de Nestor Ceveró, segundo a delação de Delcídio.

Por Helena Chagas
Em Os Divergentes
O gabinete do ministro Teori Zavascki, no STF, é um bunker antivazamentos. Dali não sai informação nenhuma sobre mandados, cautelares, operações que estejam sob sigilo. Mas bons conhecedores dos ritos da Casa, como meu amigo João Gabriel (@joaoo_alvarenga), costumam farejar quando há novidades. Na semana passada, Teori deferiu uma cautelar. Ontem, expediu um mandado. Tudo secreto, mas é bem possível que nos próximos dias, ou até horas, tenhamos nova fase da Lava Jato, desta vez comandada pelo Supremo.
A mais retumbante operação já feita sob a coordenação de Teori foi a prisão do então senador Delcídio Amaral sob a acusação de obstruir as investigações ao tentar melar a delação premiada de Nestor Cerveró. Senhores senadores e deputados, apertem os cintos…

Xadrez dos 7 pecados de Alexandre Moraes



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http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-dos-7-pecados-de-alexandre-moraes









Como a série do Xadrez visa mapear os principais pontos de poder do golpe, cabe aqui a retificação sobre uma das peças do Estado de Exceção que se aprofunda no país: o papel do Ministro da Justiça Alexandre de Moraes.

Ao contrário do que inicialmente se supunha, Moraes não é um risco à democracia, não por falta de instintos autoritários, mas pela pequena dimensão política e administrativa. Ele é bem menor do que a sombra que projeta.
De acordo com os manuais de gestão de recursos humanos, Alexandre de Moraes incorre em vários pecados abominados pela boa gestão.

Pecado 1 – o funcionário do “eu é que fiz”

Bom chefe é o que sabe reconhecer e premiar os feitos dos subordinados.
Dia desses, assisti a uma palestra-almoço dele no Instituto dos Advogados de São Paulo.
No almoço, Moraes apresentou seu projeto para segurança pública.
Primeiro, falou do policiamento nas fronteiras – papel que efetivamente lhe cabe, como chefe da Polícia Federal.
Apresentou como grande novidade de seu plano a parceria com governos vizinhos para atacar o tráfico nos próprios países produtores. Essa “novidade” já é implementada há tempos pela PF. A ponto de que, mal chegou ao Ministério, pediu para participar de uma ida ao Paraguai para aparecer em vídeos ridículos cortando arbustos de maconha.
Aliás, chegou no almoço acompanhado de duas equipes de cinegrafistas.
Esse exibicionismo já o havia indisposto com a Polícia Civil paulista. Os delegados apelidaram-no de Kojak, pela calvície precoce e atração desmedida pelas câmeras. Ou, então, como o tio soturno da família Adams. Exigia ser informado sobre todas as operações de impacto da Polícia Civil para se apropriar do mérito.

Pecado 2 – o superdimensionamento dos pequenos feitos

No almoço-palestra apresentou outra prioridade do Ministério da Justiça: o combate à violência doméstica. Educados, os comensais contiveram o riso. A troco de quê um Ministro, acantonado em Brasília, iria coordenar uma ação federal de cunho eminentemente local?
O mote foi apenas para apresentar uma estratégia tecnológica desenvolvida pela PM paulista – que ele assumiu como sua. Consiste em pegar o Google Maps e anotar os pontos que registram mais casos de violência doméstica. Depois, ampliar o policiamento nos locais, além de delegacias especializadas. Aliás, é o primeiro caso mundial de policiamento preventivo para repressão à violência doméstica que, como o próprio nome indica, ocorre dentro de casa.
Hoje em dia, estados menores recorrem a sistemas de geo-referenciamento muito mais sofisticados, cruzando bancos de dados próprios com os do Google, identificando regiões de maior criminalidade, analisando aspectos socioeconômicos, prédios públicos, rede escolar. Mas o bravo Moraes se jactava para um público de advogados do fato de marcar no Google Maps as regiões de maior violência doméstica.
Outro episódio do gênero foi a transformação de um grupo de simpatizantes do Estado Islâmico em perigoso grupo terrorista disposto a explodir o país, mas contidos a tempo pela atuação do bravo Kojak.

Pecado 3 – a incapacidade administrativa

Quando Secretário de Segurança de São Paulo, Moraes – que se jactava de usar o Google Maps - não conseguiu colocar de pé o Detecta, um supersistema capaz de identificar até gestos suspeitos de criminosos, anunciado com pompa na campanha eleitoral de Alckmin.
Moraes foi incapaz de implantar o sistema, adquirido da Microsoft, nem outro sistema caseiro, desenvolvido pela Polícia Militar. Nas entrevistas da época, não demonstrava sequer conhecimento mais aprofundado sobre os sistemas, nem sabia explicar as razões do atraso da implementação (http://migre.me/vbQ12).
Ganhou sobrevida com Alckmin devido ao fato do governador não dispor de sistemas de avaliação de seu secretariado. Seu único termômetro é o que sai na mídia, terreno preferencial para a atuação de Moraes.
Menor sorte teve como secretário de Gilberto Kassab, até 2010. No início, Kassab impressionou-se com os modos “deixe-que-eu-chuto” de Moraes. Este se tornou supersecretário das pastas de Transportes e de Serviços, presidente do Serviço Funerário, da SPTrans e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Insurgiu-se contra a criação da Autoridade Metropolitana de Transportes, órgão vital para o planejamento do trânsito; entregou apenas um dos cinco corredores de transporte prometidos, falhou na criação da ciclofaixa do 23 de maio. Mais: anunciou a proibição de estacionamento de carros em ruas do centro, sem comunicação prévia ao prefeito, criando outra crise política.

Pecado 4 – os grandes lances sem planejamento

Como Secretário de Justiça do primeiro governo Alckmin, ensaiou alguns lances de defesa dos direitos humanos.
Seu ato mais expressivo foi despedir 1,6 mil funcionários da Febem, recém contratados através de concurso. Cometeu uma arbitrariedade que foi revogada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), trazendo enormes prejuízos aos cofres do Estado.
Depois, na gestão Kassab, os próprios funcionários da prefeitura perceberam o jogo, a dissintonia completa entre o discurso para consumo do prefeito e os resultados efetivos.
Por exemplo, decidiu reduzir em 20% o valor dos contratos de lixo. Segui-se uma greve de garis, com o lixo de acumulando por toda a cidade e ajudando a ampliar a tragédia das enchentes – agravadas por outro seguidor do estilo Moraes, o governador José Serra, que suspendeu as verbas para desassoreamento do Tietê. As enchentes acabaram resultando em 59 mortos e mais de 900 pontos de alagamento em três meses de chuva.

Pecado 5 – a aliança com insubordinados

Trata-se de uma fraqueza indesculpável em chefias. Quando não conseguem se impor sobre os subordinados, aderem a eles.
Assim que assumiu o Ministério, correu para visitar a Força Tarefa da Operação Lava Jato e anunciou uma série de reuniões com superintendências da Polícia Federal, hipotecando apoio total à operação, como se tivesse alguma ascendência sobre a PF.
Adotou esse mesmo comportamento em relação à Polícia Militar paulista. Para não parecer que tinha perdido o controle, preferiu comprometer sua biografia, apresentando-se como chefe inconteste dos massacres.
Antes de chegar à Secretaria, Moraes foi titular de ações judiciais da PM contra o procurador da República Matheus Baraldi Magnani, que denunciou as violências da corporação (http://migre.me/vbSmW) após 18 assassinatos pela Rota. E crucificou um PM por denunciar as violências da corporação. Está sendo processado pelo PM por isso.
Assim como em relação à Polícia Civil paulista, irritou os delegados da PF com o exibicionismo, situação que se agravou quando, em Ribeirão Preto, se exibiu aos correligionários do PSDB, anunciando grandes operações para a semana seguinte, pré-eleições.
A retaliação veio na forma de um vazamento da Operação Acrônimo, da própria PF, mostrando que seu escritório recebeu pagamento de empresas envolvidas com o caso (http://migre.me/vbSap). Até agora não explicou adequadamente que tipo de serviço prestou. Nem convenceu sobre sua suposta ascendência sobre a PF.

Pecado 6 – a traição com o antigo empregador

Demitido por Kassab, tempos depois foi acusado de vazar notícias para a imprensa, sobre supostas irregularidades na coleta de assinaturas para a fundação do PSD.
Em seguida, aliou-se a Michel Temer, que se tornou seu padrinho na indicação para Secretário da Segurança de Alckmin. Em maio de 2015, o blog “Flit Paralisante” – porta-voz se parte da Polícia Civil – informava sobre a possibilidade do Secretário de Segurança de Alexandre Moraes ser prefeiturável em 2016 (http://migre.me/vbvxr). Nomeado Secretário, passou a privilegiar delegados ligados ao ex-Secretário Antônio Ferreira Pinto, também do PMDB.

Pecado 7 – os episódios controvertidos

Em seu tempo de Secretário da Segurança de Franco Montoro, Michel Temer saiu com suspeita de ligação com bicheiros, que teriam ajudado no financiamento de sua campanha para deputado.
Mal saiu da Secretaria dos Transportes de Kassab, Moraes tornou-se advogado da Transcooper, a cooperativa de vans controlada pelo PCC. Sua defesa foi a de que a Transcooper nào estava envolvida em nenhuma irregularidade – só seus associados.

Conclusão

Pelo acúmulo de abusos, pelo comportamento desajeitado como Ministro da Justiça, fica claro a pequena dimensão política de Moraes. Uma das principais características dos verdadeiramente poderosos é justamente o de não alardear seu poder.
O poder da repressão, de fato, está em mãos mais profissionais, do general Sérgio Etchegoyen comandando os serviços de inteligência das Forças Armadas.
Moraes é apenas um personagem atrás de holofotes e de um roteiro melhor.