quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Projeto da Lei da Copa terá pensão de R$ 100 mil a campeões de 58, 62 e 70

Texto que será apresentado na semana que vem prevê indenizações e pensões para ex-jogadores dos três primeiros títulos mundiais da Seleção

Por Marcelo Parreira Brasília
O relator da Lei Geral da Copa na Câmara dos Deputados, Vicente Cândido (PT-SP), quer incluir no texto da lei o pagamento de um prêmio de R$ 100 mil aos ex-jogadores campeões das Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1970, além de um auxílio mensal aos que forem considerados "sem recursos" ou "com recursos limitados". Na prática, o relator vai incluir na proposta a íntegra de um projeto de lei enviado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso em maio de 2010. O auxílio mensal seria calculado de forma a fazer com que a renda mensal dos ex-jogadores atinja o teto do salário em vigor pago pela Previdência Social. O tema ainda pode ser discutido com um dos mais notáveis ex-campeões, Pelé.

Outra alteração prevista pelo relator ao texto trata dos vistos de entrada para quem for trabalhar no Mundial de 2014 ou assistir aos jogos do torneio. Hoje, o texto prevê a emissão dos vistos de entrada sem maiores restrições até o dia 31 de dezembro de 2014, sem previsão de limitação de saída.

Cândido quer alterar o texto para limitar a permanência dos estrangeiros até o dia 31 de dezembro, independentemente da data de entrada. O deputado Jonas Donizette (PSB-SP), integrante da comissão, propôs ainda a criação de uma taxa de emissão dos vistos que seria revertida para um fundo de combate às drogas, mas não há acordo sobre a inclusão da ideia no texto.

Divisão de ingressos populares
Cândido falou ainda sobre a previsão de divisão dos chamados ingressos populares para o Mundial de 2014. Hoje, pela proposta da Fifa, entre 300 mil e 400 mil ingressos dos jogos da primeira fase do Mundial seriam da chamada categoria 4, e teriam custo individual de US$ 25 (R$ 46). Segundo o relator, metade dos ingressos deve ser dividida entre estudantes e idosos - em tese, os mais prejudicados pela restrição aos direitos de meia-entrada. Os outros 50% seriam divididos entre beneficiários do Bolsa-Família, indígenas, deficientes e na campanha de desarmamento. A ideia é que armas sejam entregues em troca de entradas para jogos, bolas, camisas e outros itens especiais do Mundial.
- Tem que ver o número de jogos de cada sede para distribuir para as sedes também. Nesse caso, quanto mais detalhado melhor, porque se não você vai passar o problema para a o governo e para a Fifa.
O relator falou ainda sobre a questão da chamada área de exclusividade comercial. Hoje, o texto prevê que o entorno dos estádios terá uma região de venda e propaganda exclusiva da Fifa e de seus parceiros comerciais. Diversos parlamentares já demonstraram preocupação com o impacto disso em comerciantes locais, que atuem próximos aos estádios, e que poderiam até ser obrigados a fechar seus negócios - possibilidade descartada pelo relator.

- Isso não está em debate, não podemos nem pensar em uma maluquice jurídica dessas. A Fifa vai fazer reconhecimento dos espaços agora e próximo dos eventos, Copa das Confederações e Copa do Mundo. Se um mês antes um bar virou um grande espaço de um concorrente dela, ela não vai permitir. Mas em tendo antes alguém que venda material do concorrente dela, ela vai tentar negociar, ter compensação financeira, em um acordo com o comerciante. O que a lei brasileira não pode é coibir o direito de iniciativa do comerciante brasileiro.

Cândido acredita que o texto poderá ser votado pela Câmara ainda este ano, mas esbarra na agenda apertada do Congresso. A previsão é que a comissão vote o texto na semana que vem para encaminhá-lo ao plenário mas, lá, uma série de medidas provisórias e textos com urgência - além do orçamento da União para 2012 - pode deixar a votação para o ano que vem.

FONTE
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/noticia/2011/11/projeto-da-lei-da-copa-tera-pensao-de-r-100-mil-campeoes-de-50-62-e-70.html

Eusébio reclama de jogo sujo de Pelé e diz que Mané, 'paralítico', foi melhor

Exaltado, português causa polêmica em reunião de craques na Soccerex e acaba confrontado por jornalista conterrâneo. Argentino também surpreende

Por André Casado e Felippe Costa Rio de Janeiro
Tinha tudo para ser um encontro amigável e de pura nostalgia. E nada disso faltou quando o português Eusébio, o inglês Bobby Robson, o brasileiro Carlos Alberto Torres, o argentino Ardilles e o holandês Ruud Gullit dividiram a mesa na tarde desta terça-feira, a convite da Soccerex, feira de negócios do futebol que acontece no Forte de Copacabana, no Rio. Mas o craque luso roubou a cena na reta final quando lamentou as atitudes de Pelé em campo contra os zagueiros e ainda disse que Garrincha, "paralítico" foi o melhor jogador do país em todos os tempos.
O assunto eram as conquistas mundiais da Seleção entre 1958 e 1970 - a última capiteanada por Torres, autor do quarto gol sobre a Itália, na final. E a decepção canarinho, nesse meio tempo, ocorreu em 1966, justamente contra Portugal. Os europeus sempre foram acusados de terem sido violentos e, assim, machucado ainda mais um Pelé à meia-bomba. E Eusébio rebateu com relatos de episódios anteriores no confronto entre os países.

- Fiquei triste com Pelé, porque não esperava que batesse até no rosto dos zagueiros portugueses (em duelo pela Copa das Nações, em 1964). Vocês não lembram das maldades dele, não é? Não se pode reclamar. Para levar vantagem, Pelé era muito violento às vezes. Não tiro seu valor nem sua categoria. E sou até mais amigo dele do que ele é de mim, se você quer saber. Cheguei a dizer para ele no jogo: "Ô, Pelé, pelo amor de Deus! Não há Cassius Clay aqui (o legendário boxeador, também conhecido como Mohammed Ali) - contou Eusébio, arrancando risadas constragidas de muitos, mas claramente usando um tom sério.

eusebio SOCCEREX (Foto: EFE)Eusébio participou de debate sobre o futebol nesta terça-feira na Soccerex (Foto: EFE)
 
Aproveitando o gancho da discussão precedente sobre a comparação entre craques do passado e do presente, o português leventou outra questão. Novamente, sem papas na língua.

- E ainda digo o seguinte: houve um brasileiro melhor do que Pelé. Era Garrincha. Tinha a perna torta assim (indicando com o braço), e outra esticada normal. Como podia fazer aquilo tudo com essas dificuldade? Era um paralítico! E como jogou bola... Muito melhor do que todos nós. Mas como Garrincha era do povo, gostava de outra bebida que não era exatamente a água, ficou marginalizado - lamentou.

No fim, um jornalista português tomou a palavra para uma pergunta e resolveu atacar o próprio Eusébio. Ele disse que o ex-jogador não se destacou mais na carreira por conta de seu "fim melancólico,  tomando diversas infiltrações para atuar pelo Benfica". O tom do conterrâneo deixou Eusébio cabisbaixo e calado. Em seguida, a organização do evento desligou o microfone do repórter, que se disse fã do futebol brasileiro e atrasou o debate por cerca de 10 minutos.

Maradona e Messi à frente de Pelé
O argentino Osvaldo Ardilles também desfilou sua tese a respeito da linha do tempo dos melhores. Campeão do mundo em 1978, o meia acredita que a evolução faz com que os atuais sejam sempre mais completos do que os antepassados.

- Pelé foi grande, mas Maradona teve mais dificuldade, pela maneira como o futebol evoluiu, é outra época. Assim como Messi é, para mim, o melhor de todos os tempos. No futuro, vai haver outro jogador ainda melhor, que o superará física e talvez tecnicamente.

O holandês Ruud Gullit é outro a preferir Maradona. Mas argumenta que ter visto e, sobretudo, enfrentado El Pibe, fez a diferença.

- Maradona foi uma das melhores coisas que já aconteceu ao futebol. Não pude ver Pelé, apenas em documentário. Então, é diferente, a comparação é difícil. Para mim, Maradona foi o melhor porque o vi fazer coisas que eu mesmo não pude evitar. No Milan (década de 80), tínhamos um grande time, mas não conseguíamos pará-lo de jeito algum (pelo Napoli) - disse Gullit, que, apesar dos problemas extramcampos do argentino, elogiou sua conduta dentro do grupo.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2011/11/eusebio-reclama-de-jogo-sujo-de-pele-e-diz-que-mane-paralitico-foi-melhor.html