quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A VOLTA POR CIMA

CAMPEONATO BRASILEIRO DE FUTEBOL DE 201

O jovem Jobson jogador do Botafogo flagrado em exame antedoping no ano passado apóz o jogo do clube carioca em jogo contra o Palmeiras e suspenso por 2 anos, que teve a pena reduzida para 6 meses, novamente contratado pelo Botafogo, retornou aos gramados em alto estilo, e ao que tudo indica está aproveitando a oportunidade que lhe foi dada pelo Presidente do clube da estrela solitária.
Hoje vi um comentário de Thiago Bokel sobre este assunto e que achei bastante humanitário e resolvi inseri-lo neste blog. Eis aqui:

A recuperação de um cidadão

por Thiago Bokel em 17.ago.2010 às 17:44h

Jobson tem dado sinais de recuperação, mas ainda é preciso ter paciência (crédito: Carlos Costa)
Em um ano em que as dancinhas têm roubado a cena no futebol brasileiro, nenhuma dá mais prazer de ver do que a de Jobson. Não pela graça de seu gingado, tão popular e sem inovações quanto aquela onda de bandas de axé que surgiram no meio da década de 90, influenciadas pelo sucesso do rebolado de Carla Perez. Mas as dancinhas de Jobson dão prazer de ver porque elas eram quase que impensáveis há oito meses atrás. O cidadão em questão poderia estar derrotado pelo vício, quem sabe até sem vida.
O lema de um grupo anônimo, que serve de incentivo para que a pessoa fique livre do vício, é “Só por hoje”. Ele já diz, só nessas três palavras o quão difícil é essa luta. Em se tratando de drogas, uma dependência que fere não só a pessoa, mas principalmente a família, essa luta pode ser interminável. O mais importante para a recuperação do dependente é ter o apoio das pessoas que convivem com ele, saber que essa doença não tem cura e que não permite recaídas.
Sem entrar no mérito da redução da pena pelo uso de crack – de dois anos para seis meses -, é quase um milagre ver Jobson voltando e jogando tão bem menos de um ano depois de todo aquele episódio. A caminhada de volta começou com uma derrota para o Flamengo. Mas em seu primeiro lance, o atacante meteu a bola entre as pernas de seu marcador, Welinton. Depois veio o jogo contra o Guarani. Ele teve uma atuação discreta no decepcionante empate em 1 a 1, no Engenhão.
Aí começou a real recuperação de Jobson dentro de campo. No Pacaembu, o Botafogo perdia por 2 a 0 para o Palmeiras. Ele fez o primeiro e armou uma linda jogada que originou no gol de empate. No fim, foi provocar o zagueiro alviverde e acabou expulso, injustamente, por sinal, já que não revidou a agressão. Provocou na bola. Ficou suspenso e não pôde jogar o clássico com o Fluminense.
Pulou uma rodada e começou a se transformar em sinônimo de arrancada do time alvinegro no Brasileiro com o show que deu nos dez minutos finais contra o Vitória, no Barradão. Meteu dois gols e fez a jogada de outro. Contra o Atlético-MG, não marcou, mas azucrinou os defensores do Galo e sofreu um pênalti. E continuou a subir no Serra Dourada, contra o Atlético-GO, no sábado passado. Fez mais um gol – seu quarto desde a volta – e conseguiu transformar a dúvida em confirmação. Mérito, principalmente, do Botafogo, que resolveu apostar na sua contratação e lhe abriu novamente as portas. Mérito dos companheiros de time, que lhe deram o carinho necessário para dar a volta por cima.
Mas Jobson precisa manter seus pés no chão. Já há pessoas falando que merece uma vaga na Seleção. Calma! Se isso acontecesse agora seria prejudicial para a recuperação. Um passo de cada vez. E Jobson ainda está tendo de provar à sociedade que está totalmente recuperado. Ele não está pronto ainda para ser cobrado por um país inteiro, por exemplo, se tiver uma atuação ruim. O processo de fortalecimento mental é demorado. Se tudo acontecer de forma tão repentina, é um passo também para ir pelo ralo toda essa evolução que vem sendo alcançada de maneira tão bonita.
Jobson está dando a volta por cima. O Botafogo está dando a volta por cima. Mas essa briga fora de campo é diária, e um vacilo pode fazer esse texto não valer mais nada. A torcida de quem escreve é para que esse texto dure o máximo que puder, e que só fique ultrapassado quando essa página for definitivamente virada para a consolidação de uma história digna de um conto com final feliz.
Tomara que este texto chegue ao conhecimento do jovem atleta para que o mesmo se incentive cada vez mais, não tendo uma recaída, para poder se transformar num ídolo da torcida botafoguense e um verdadeiro crack do futebol brasileiro.